domingo, 9 de abril de 2017

apenas um beijo

um tapa
doce sangrando
a carne fresca
sem temer
a vingança do lilás

um golpe
constituindo
o vermelho
de uma escolha paralítica

até o início trotar
um mandato de busca e apreensão
nos conteiners roucos
de um passo febril

contorcionismo que vegeta
nas estribeiras de um intervalo sulfogênico

mãos que escalam cordilheiras bipolares
em busca de uma bandeira
encravada na incubadora
da maternidade enevoada
de um claustro em chamas

um soco que se contrai
na traquéia e sopra suas asas
na sobrevivência mal-passada
de um epitáfio para colorir

segundos que corroem a ponte
e se apossam da superfìcie
de todas penas que dançam
celebrando a chuva romana

vislumbrei meu pâncreas
perdido entre piratas
apostei todas as minhas fichas
na ligação seguinte

e costurei-me ao leito informe de um NÃO úmido

devorei os braços
que embalavam
meus joelhos hipodérmicos

congratulei os chutes
que acariciavam meus cacos

apertei o ranho
que mimetizava
meus vincos diáfanos

recolhi outdoors
nos trilhos de um parapeito tuberculoso

antes a aura estática
que ruminava meus pelos ingênuos

até os galhos entronarem
o bug que roeu
o estopim do respiro
entrecortado
por
soluços sibilantes

até tu meu verdugo preferido
até tu, oxigênio de meu arfar claustrofóbico

NÃO! eu farejo entre o pó e as nuvens:
todas as lendas fofocam sobre meu almoço

então,
querido,
apenas não se curve,
o resto é uma questão matemática
que separa uma lâmina gentil
deste pescoço revoltado
com o fardo continental
de uma noite enclarecida

então querido,
não tenha pressa
por trinta moedas
até a morte tarda
mas não falha

então, querido,
sugue até a última gota
meu sangue é vosso cálice
até a forca
e
a eternidade
amém.

ray cruz

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